quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ela e a tristeza

Eu vi a sua tristeza. Eu senti a sua tristeza, como já não sentia há tempos.

Esquisito é pensar o que o amor nos traz, ou melhor, a falta dele. Se apaixonar é muito fácil, é quase cômodo, ainda mais quando o causador desse sentimento é um cara “maduro”, bem resolvido, estruturado, bacana, cheio de vida. É quase impossível não se dedicar de corpo e alma à alguém assim. Eu sei. Já conheci essas pessoas.

Sua tristeza é íntima e difícil de expor, uma tristeza que muitos acham que nem está lá, jamais deveria estar. Afinal, se ele foi um cachorro insensível merece o rompimento. Essa opinião é geral e eu até a compartilho em algumas situações, mas entendo o quanto é difícil simplesmente chutar o príncipe encantado para fora de nossos sonhos.

Pensamos, nos questionando de forma cruel: “Ele sempre foi gentil, amoroso, como mudou de repente? Será que é tudo um mal entendido? Mas se é, porque ele não vem me pedir desculpas, dizer que eu sou louca, entendi tudo errado? Porque ele se limita a dizer ‘se você quer assim, tudo bem’?”

É, realmente ele não merece o perdão ou sei lá qual o nome disso.

Ela não sabe culpá-lo, não consegue odiá-lo, ou pelo menos odiar o fulano que mentiu, humilhou, traiu. Ela só consegue sentir saudades e um vazio no peito que grita o seu nome o tempo todo e esse grito ecoa por todo o seu corpo. O dia inteiro ela ouve, sente e pulsa esse pedido. Suplica para estar ao seu lado novamente.

Isso é um erro? Muitos dizem que sim. Mas como dizer a mesma coisa se já passei por isso e sei que essa sensação sempre vence? Sempre nos submetemos aos seus pedidos. O amor tem esse poder de nos fazer fantoches dos nossos desejos. Ou diria dos desejos do nosso amor?

Ela sabe o tempo todo que se ele ligar, mandar um e-mail ou até uma mensagem curta ela se dará a oportunidade de conversarem olho a olho, de se abraçarem, de estarem juntos novamente. Confessa, muito sem graça, que até pediria perdão por ter feito uma tempestade num copo d’água, admitiria que o ciúme dominou seus sentidos.

Mas não. Ele não liga, não escreve nenhum e-mail, e muito menos uma mensagem. Ela se questiona sobre o que pensar. Dizem que “quem cala consente”.

Essa tristeza que ela sente é imperceptível e intolerável, mas eu sei que ela está lá. Eu já a senti. É aquele misto de fracasso com esperança doentia.

A dificuldade normalmente é perdoar, mas nesse caso o que mais se quer é perdoar e a pessoa não quer ser perdoada. Não tem o que fazer. O jeito é agüentar o tranco e superar a tristeza aos poucos. Ouvir menos o que as pessoas tem a dizer sobre o que devemos fazer e começar a desenvolver um amor próprio muito mais forte que antes. Um amor por si mesma que supera todas as vontades de amor alheio, toda a submissão que teima em nos perseguir. Um amor próprio tão próprio que a única frase que ecoará no íntimo é aquela que nos faz acreditar que superamos tudo, só não superamos a nós mesmas. E isso é um alívio porque, como eu já disse, eu sei exatamente o que ela está sentindo.

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